Crônicas dos Campos Gerais: Campinho de saibro | aRede
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Crônicas dos Campos Gerais: Campinho de saibro

Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais
Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais -

Da Redação

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Crônicas dos Campos Gerais: Campinho de saibro

Onde hoje é o Ginásio de Esportes Oscar Pereira, antigamente, mas não muito, era um campinho de saibro. Sim, um pequeno campo de futebol, de areia compacta e dura, quase como pedra.

Muitos jogos aconteceram ali. Que eu saiba, nenhum profissional saiu destes embates, mas éramos todos craques. Jogávamos quase todos os dias em que o clima nos permitisse, nós contra nós mesmos, ou contra garotos de outros bairros.

As traves, feitas de tijolos, furtivamente adquiridos de construções ou demolições próximas, raramente eram guardadas por goleiros. Eram afastadas de cerca de um passo do maior de nós. Todos jogavam na linha, todos atacavam, todos defendiam.

Chuteiras? Nem pensar. Quando muito, usávamos o famoso Kichute, que, além de encardir meias e pés, proporcionava um odor bem característico que nossas mães sempre lutavam para remover nos banhos pós jogos.

Onde hoje termina a rua João Alfredo, era um “calipial”. Eucaliptos enormes, que proporcionavam sombra para o descanso dos intervalos das partidas, que geralmente virava em 5 e terminava em 10 (gols). Quase sempre, os jogos acabavam em 10 a 9, 10 a 8, raramente com placares muito elásticos.

Mas, não era apenas um campinho. Era um outro planeta, quando nós, travestidos dos personagens de Jornada nas Estrelas, nos aventurávamos com nossos “faser’s” de madeira pelo universo. Era um país longínquo que deveríamos tomar de assalto com nosso exército, munidos de espingardas de cabo de vassoura. Era ainda um palco de brincadeiras infinitas, com a turma toda, ou com apenas dois ou três de nós, como esconde-esconde, pega-pega, polícia-ladrão, ou ainda com nossos carrinhos de plástico, onde cidades inteiras, com estradas, túneis e pontes, foram construídas para nosso deleite.

Raramente íamos até lá à noite, pois nos foi dito que ali fora um antigo cemitério, onde algumas almas penadas pairavam sob o campinho, e pegariam qualquer criança que ali ousasse entrar sob as estrelas. Hoje vejo que havia um conluio entre nossos pais, para nossa própria segurança.

Aqueles moleques, agora dentistas, advogados, trabalhadores, escritores, pais, avôs, não depuseram o Capitão Kirk, sargentos, capitães, soldados e motoristas, além dos craques que ali viviam. Apenas o nosso espaço foi transformado. Para melhor? Certamente, para Ponta Grossa; mas para nós, não.

Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais (https://cronicascamposgerais.blogspot.com/).

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